Você já ouviu falar em startup unicórnio?
O termo parece complicado à primeira vista, mas não é tanto assim!
Neste conteúdo, a Politize! te explica o que é uma startup, sua importância, como recebe investimento e como vira um “unicórnio“!
Afinal, o que é uma startup?
Startup é uma palavra inglesa que não tem tradução exata para o português.
Poderia ser explicada como um projeto desenvolvido por uma pessoa ou grupo que observa um problema da sociedade e busca solucioná-lo implantando um modelo de negócio.
Mas isso não quer dizer que o empreendedor de startup irá necessariamente inventar um comércio de bens ou serviços que não existiam.
Usualmente, esse problema já pode estar sendo resolvido por outras empresas ou pessoas naquele momento. Mas a startup, para ser bem-sucedida, terá que apresentar uma solução de maneira mais eficiente, barata ou que traga mais satisfação ao usuário ou consumidor.
Lógico que não basta isso. Esse modelo de negócio terá que ser escalável, replicável e lucrativo para que a startup cresça, se desenvolva, atraia investidores e se torne um novo unicórnio.
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Lucrativo, ok. Escalável e replicável? O que é isso?
Essas duas palavras difíceis podem assustar, mas são mais simples do que imaginamos!
Startup escalável é aquela que consegue expandir seu negócio de maneira exponencial sem aumentar seus custos na mesma proporção.
Ou seja, obtém crescimento gigantesco de clientes ou usuários, gerando expansão exuberante no faturamento, mantendo suas despesas em um patamar relativamente baixo, sem aumento significativo de custos com mão-de-obra, estoque de produtos ou operação logística.
Já a startup replicável é aquela que consegue desenvolver um formato que seja facilmente repetido sem aumentar as despesas para sua realização.
Ou seja, o empreendedor desenvolve um modelo de negócio lucrativo (gera muito ganho), escalável (experimenta expansão acelerada) e replicável (pode ser facilmente copiado em larga escala).
Tudo isso atrai a atenção de investidores de capital de risco ou venture capital. Ou seja, é o investidor que aumenta o potencial de crescimento acelerado de startups em busca também de um grande retorno dessa aplicação.
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Como o nome já diz, essas empresas arriscam investimentos em vários novos modelos de negócio. A ideia é que a startup que tenha sucesso vai gerar retorno sobre o capital aplicado e pagar o investimento em todas as outras que naufragaram.
“Um fundo vai investir em umas 30 ou 50 startups e espera que uma ou duas pague as contas de todas as outras que andaram de lado ou fecharam. O modelo é baseado nisso, que as que deram certo, sejam capazes de multiplicar em 50 ou 100 vezes o capital investido”, explica Carlos Pessoa, diretor da G2D Investments.
“É preciso dar esse retorno se não o fundo não consegue compensar as perdas que teve com todas as outras que não deram certo”, acrescenta o executivo da empresa de investimento em capital de risco.
Quando a startup atinge status de unicórnio?
Apenas um grupo seleto de empreendimentos bem-sucedidos se torna unicórnio.
Esse termo foi cunhado pela investidora norte-americana Aileen Lee para caracterizar startups de capital fechado, ou seja, que não fizeram oferta de ações na bolsa de valores, mas atingiram valor de mercado superior a US$ 1 bilhão (o que equivalia a quase R$ 5 bilhões em abril de 2022). São startups tão raras quanto o animal mitológico com um único chifre, que na verdade, nunca existiu na natureza.
Mas como startups conseguem atingir esse nível?
É preciso que uma grande ideia seja aplicada, encontre receptividade no mercado, atraia investidores e gere lucro excepcional. O caminho, de fato, é difícil.
Às vezes, startups iniciam sua atividade ainda sem apontar uma grande solução ao mercado.
Quando Garrett Camp e Travis Kalanick fundaram a Uber, ainda sob o nome de Ubercab, em 2009, a ideia era oferecer um táxi de luxo aos clientes através de um aplicativo. Já havia a vantagem de facilitar o pagamento da corrida, mas o transporte ficava um pouco mais caro do que um táxi comum, limitando seu público.
O pulo do gato aconteceu três anos depois, quando a dupla lançou o UberX, uma nova opção no mercado, permitindo o cadastramento de motoristas comuns, com uso de veículos particulares, que ofereciam o mesmo transporte, mas barateavam os custos. Nascia ali um unicórnio.
“Antigamente as pessoas tinham que esperar passar um táxi na rua. Era difícil aparecer um. Quando passava, já estava ocupado. A pessoa tomava chuva. Quando conseguia finalmente um táxi, o motorista não aceitava cartão. Era uma experiência ruim”, lembra Carlos Pessoa, da G2D Investments.
“O Uber mudou completamente a forma como as pessoas se locomovem nas cidades. E também como ganham dinheiro, no caso dos motoristas. Startup unicórnio não é fazer marginalmente melhor, é fazer muito melhor”, acrescenta o executivo, cuja empresa obteve lucro no investimento direto ou indireto em startups como Coinbase e Mercado Bitcoin (criptomoedas), NotCo (alimentos saudáveis), Bolt (serviços de mobilidade), Farmers Business Network (comércio de insumos para agricultura), entre outras.
Unicórnios mudam a hábitos e geram valor
O mundo da tecnologia proporciona exemplos de startups que se tornaram unicórnio ao descobrir um novo negócio ou proporcionar melhores experiências na aquisição de produtos e serviços. É o caso de startups como Netflix, Spotify e Airbnb.
A Netflix facilitou o consumo de produtos audiovisuais, ao disponibilizar um amplo catálogo ao consumidor, sem a necessidade de estar preso aos horários de veiculação dos canais por assinatura.
O Spotify revolucionou a maneira como o público consome música, já que com uma simples assinatura mensal, o consumidor tem acesso a tantas opções que jamais teria condições de possuir em sua coleção de CDs.
Já o Airbnb barateou os custos com hospedagem, gerando valor a uma extensa gama de empresas, como companhias de viagem (aéreas, rodoviárias, ferroviárias ou de cruzeiros), empresas de passeios turísticos, comércios locais, etc. É o que no mundo empresarial é chamado de stakeholders. Ou seja, todos os públicos com os quais a empresa se relaciona e gera valor.
“É uma tendência de mercado. O Fórum Econômico Mundial, em Davos [na Suíça], em 2020, ainda antes da pandemia, lançou a ideia de capitalismo de stakeholder. É o capitalismo que gera valor para todas as partes envolvidas”, destaca Thomas Eckschmidt, um dos autores de “Ativador de Negócios Conscientes: Aplicando os fundamentos do capitalismo consciente em sua organização” (Editora Conscious Business Journey, 2020).
“A gente está avançando forte na ideia de que o capitalismo focado só no acionista está vencido. Quanto mais tempo a empresa demorar para se ajustar, menos terá chance de sobreviver”, acrescenta Thomas, que é palestrante da Spotlight.
Startups que pensam, geram valor a todos os stakeholders (partes interessadas em um negócio) envolvidos em sua operação, integrando-se ao seu ecossistema têm grande potencial de atração no mercado.
Larry Fink, CEO da BlackRock, maior gestora de capital do mundo, com investimentos de mais de US$ 10 trilhões (equivalente a quase 5,5 vezes o PIB brasileiro em 2021), é um dos principais defensores do chamado capitalismo de stakeholders.
“Repetidamente, o que todas compartilham é um claro senso de propósito; valores consistentes; e, de forma crucial, reconhecimento da importância de se envolver e atender aos principais stakeholders. Essa é a base do capitalismo de stakeholder”, definiu Fink, em sua tradicional carta anual endereçada às companhias nas quais investe.
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Como está o Brasil no cenário das startups e unicórnios?
Apesar de a maioria dos unicórnios no mundo serem desenvolvidos em regiões como o Vale do Silício, nos Estados Unidos, onde há facilidade maior de captação de investidores, há brasileiros que empreenderam, ofereceram boas ideias ao mercado, geraram valor aos stakeholders, atraíram capitais de risco e atingiram o status de unicórnio.
O mais recente caso foi a Brex, startup criada em 2017 por Pedro Franceschi e Henrique Dubugras. A ideia era fornecer serviços de gestão financeira a startups, como gerenciamento de caixa, controle de despesas e automação de pagamento, entre outros serviços. Ou seja, oferecer soluções financeiras a empreendimentos que, assim como a Brex, experimentavam crescimento muito acelerado.
No início de 2022, a Brex foi avaliada em US$ 12,3 bilhões, o que faz a companhia ser chamada de decacórnio (equivalente a dez vezes uma unicórnio). Franceschi, aos 25 anos, e Dubugras, de 26, detêm, cada um, US$ 1,5 bilhão, o que os colocou pela primeira vez na tradicional lista de bilionários da Forbes neste ano.
Há outros casos de startups brasileiras mais antigas que entraram na lista de unicórnios. É o caso da 99 (mobilidade urbana), PagSeguro (sistema de pagamentos), Nubank (banco digital), Movile (dona da marca Ifood, de entrega de comida e compras de mercado), Stone (fintech de processamento de pagamentos), Quinto Andar (aluguel de imóveis) e Loft (compra e venda de imóveis), entre outras.
E aí, entendeu como funciona uma startup e quando ela vira um unicórnio? Deixe sua opinião ou dúvida nos comentários!
Referências:
- Ecommerce na Prática (canal do YouTube) – Startup: O que é e como abrir a sua
- Elaborando Projetos Sociais e Culturais (canal do YouTube) – O Que é Uma Startup?
- Entrevista com Carlos Pessoa feita por Adalberto Leister Filho em 6/4/2022
- Entrevista com Thomas Eckschmidt feita por Adalberto Leister Filho em 15/3/2022
- Enotas – O que é uma startup unicórnio e quais são as principais do mercado nacional?
- G1 – Pedro Franceschi e Henrique Dubugras: dois brasileiros estão entre novos bilionários da Forbes
- Passo a Passo Empreendedor (canal do YouTube) – Eles criaram um negócio bilionário – a história de Pedro Franceschi e Henrique Dubograss, da Brex
- Startuppando startuppando (canal do YouTube) – O que é uma startup unicórnio?
- Troposlag Aceleradora – Lista completa das startups unicórnio brasileiras
- Valor Econômico – Dois jovens brasileiros entram na lista de bilionários da “Forbes”
- Valor Econômico – Em carta anual, CEO da BlackRock pede engajamento para capitalismo de ‘stakeholders’