Imagem de Donald Trumo e uma paisagem de prédio com a bandeira dos Esstados Unidos a frente

Entenda as tarifas de Trump e o impacto para o Brasil

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Em abril de 2025, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma série de tarifas de importação sobre produtos de diversos países, incluindo o Brasil. O pacote de medidas foi apresentado como uma forma de proteger a indústria americana e reequilibrar a balança comercial, sendo nomeado como o “Dia da Libertação”.

Segundo Trump, as chamadas tarifas recíprocas, libertam os Estados Unidos dos produtos estrangeiros. Mas afinal, o que são essas tarifas e quais são os verdadeiros impactos, sobretudo para o Brasil?

Neste texto, vamos explicar os motivos para o tarifaço de Trump e os possíveis impactos dessas medidas.

O que são as tarifas de Trump?

Quando falamos em tarifas de Trump, estamos falando sobre as taxas aplicadas sobre produtos importados de outros países. Ou seja, a medida do governo estadunidense pretende impor tarifas a parceiros comerciais na tentativa de retomar a posição de potência econômica e combater déficits comerciais de bens, que somam aproximadamente US$ 1 trilhão ao ano.

O objetivo de Trump é proteger a indústria dos Estados Unidos, diminuir o déficit comercial e gerar empregos no setor manufatureiro. Em média, a decisão inclui tarifas de 30% para Ásia, 20% para Europa e 10% para América Latina.

Para Trump, essas tarifas combateriam o que ele vê como injustiças comerciais, já que muitos países impõem taxas elevadas sobre produtos americanos. 

Ainda assim, especialistas apontam que essas tarifas podem não ser suficientes para restaurar a competitividade dos EUA, pois fatores como custo de produção e inovação tecnológica pesam mais do que tarifas comerciais.

Veja também: Entenda os conceitos de importação e exportação

O que são tarifas recíprocas?

Uma tarifa recíproca significa que as taxas foram definidas baseadas nas que os países já cobram, incluindo tarifas existentes e demais barreiras comerciais que tendem a aumentar os custos de importação.

Segundo o discurso oficial, as tarifas impostas seriam “recíprocas”, ou seja, equivalentes às que os EUA enfrentam ao exportar seus produtos. O presidente acredita que os países tarifados tratam os Estados Unidos injustamente no comércio por meio de tarifas altas ou barreiras não tarifárias.

Tabela com tarifas de Trump.
Imagem: CNN Brasil.

Quais são os motivos para as tarifas?

Donald Trump justificou suas medidas como uma tentativa de retomar a posição de potência mundial que a indústria do país já teve, além de eliminar déficits comerciais, proteger os fabricantes locais, reduzir preços dos alimentos e criar mais empregos.

Para o presidente, o país está em desvantagem no comércio internacional, pois outros países conseguem exportar para o mercado estadunidense com baixo custo. 

Simultaneamente, esses mesmos países estariam impondo barreiras que tiram a competitividade de seus produtos no exterior. Isto, para ele, estaria prejudicando empresas locais e causando desemprego.

A lógica por trás da medida é tornar produtos estrangeiros mais caros e, assim, incentivar o consumo de produtos nacionais.

Além disso, Trump vinculou as tarifas especificamente ao México, China e Canadá, sob a justificativa de que não estariam mobilizados suficientemente para conter a imigração ilegal e combate ao tráfico de drogas.

Outro argumento utilizado pelo presidente, é a defesa de que a pressão econômica sirva para impedir conflitos armados:

“Vamos cobrar de você tarifas de 100 por cento. E de repente, o presidente ou primeiro-ministro ou ditador ou quem quer que esteja governando o país me diz: ‘Senhor, não entraremos em guerra.’”, disse Trump em comício Na Carolina do Norte.

Saiba mais: OMC: como é feita a regulação do comércio internacional?

Como outros países reagiram?

A reação internacional foi imediata, incluindo países prometendo impor suas próprias contramedidas. Confira abaixo as reações de alguns países após o anúncio das tarifas do Trump:

  • China: o governo chinês anunciou tarifas retaliatórias de 84% sobre produtos dos EUA e afirmaram que as tarifas de Trump prejudicam o sistema de comércio global. Em resposta à China, os EUA anunciaram aumento na tarifa já imposta de 104%, para 125%;
  • França: Emmanuel Macron, presidente da França, se posicionou contra a medida e pediu que empresas europeias suspendam investimentos em solo americano. O presidente francês acredita que as tarifas não sejam coerentes e que possam ter efeito reverso;
  • Reino Unido: o secretário de comércio, Jonathan Reynold, reforçou a aliança existente entre o Reino Unido e os EUA e disse que buscará um acordo para minimizar os efeitos das tarifas;
  • União Europeia: a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, prometeu contramedidas e acredita que a política comercial de Trump caminha na direção errada.

No Brasil, mesmo tendo recebido a tarifa mais baixa (10%), houve reação por meio do Congresso Nacional. Assim, o Senado Federal aprovou um projeto de lei instituindo a Lei da Reciprocidade Econômica, permitindo a retaliação a países que impuserem barreiras comerciais.

Quais são os impactos para o Brasil?

Embora a tarifa de 10% sobre os produtos brasileiros tenha sido a menor entre os países tarifados, isso pode impactar diretamente alguns setores específicos, como o etanol e produtos agrícolas. 

Os Estados Unidos são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, por isso, ao reduzir as relações comerciais entre ambos países, pode levar o Brasil a necessidade de estabelecer relações comerciais com outros parceiros.

Além disso, os EUA são o principal importador da indústria brasileira, principalmente dos produtos de maior intensidade tecnológica. Nesse sentido, a Embraer pode ser uma das companhias mais afetadas.

Em entrevista ao economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala afirmou à Agência Brasil que:

“O Brasil ficou com a tarifa ‘mais barata’ de 10%. Claro que isso é um benefício, mas o Brasil vai sofrer por conta desse terremoto global que está acontecendo. Um medo de crise derrubando juros e dólar e uma recessão, obviamente, que afetariam o Brasil também”, afirmou o economista-chefe do Banco Master.

Apesar dos impactos em alguns setores, os efeitos das tarifas não devem se expandir tanto no território brasileiro. A guerra comercial pode gerar oportunidades para as exportações brasileiras.

Isso porque, se os EUA se tornarem menos atraentes como parceiros comerciais, o Brasil pode se beneficiar ao oferecer produtos a nações que buscam alternativas, segundo Volnei Eyng, CEO da gestora de ativos Multiplike.

Além disso, há possibilidade de que, com o aumento do conflito comercial entre EUA e Europa, influencie positivamente o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, o que poderia expandir as exportações da indústria brasileira.

Leia mais: EUA e China: entenda a guerra comercial!

Perguntas frequentes

Não saia com dúvidas! Confira as principais perguntas e respostas sobre as tarifas de Trump.

O que são as tarifas anunciadas Donald Trump abril de 2025?

Trump anunciou novas tarifas de importação, chamadas de “tarifas recíprocas”, com alíquotas que variam de 10% a 50%.

Qual foi a tarifa imposta ao Brasil?

O Brasil foi taxado em 10% sobre todas as suas exportações aos EUA.

Quando as tarifas passam a valer?

As tarifas começaram a valer em 5 de abril, porém algumas taxas mais altas foram fixadas para entrar em vigor a partir de 9 de abril.

Qual o impacto previsto para o Brasil?

Apesar do impacto em setores da indústria, a tarifa de 10% não é considerada um risco para o Brasil. Na verdade, estar entre as taxas mais baixas mostra que o Brasil não é alvo principal do governo de Donald Trump.

Quantos países serão afetados pelas tarifas extras mais duras?

Cerca de 40 países, como a China, Japão, Lesoto e União Europeia.

Qual é a justificativa de Trump para a imposição das tarifas?

Trump afirma que outros países impõem tarifas injustas aos EUA e que a medida ajudará a retomar a potência industrial do país e trazer empregos de volta.

Como foram calculadas as tarifas recíprocas?

Apesar de Trump argumentar que o cálculo considerou as tarifas cobradas pelos demais países, o documento divulgado pelo seu governo mostrou que os números se basearam no déficit comercial dos EUA com cada país.

E aí, entendeu o que é a proposta de tarifas de Trump? Deixe suas dúvidas e opiniões nos comentários!

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Conteúdo escrito por:

Layane Henrique

Faço parte da equipe de conteúdo da Politize!. Cientista social pela UFRRJ, pesquisadora na área de Pensamento Social Brasileiro, carioca e apaixonada pelo carnaval.
Henrique, Layane. Entenda as tarifas de Trump e o impacto para o Brasil. Politize!, 9 de abril, 2025
Disponível em: https://www.politize.com.br/tarifas-de-trump/.
Acesso em: 13 de abr, 2025.

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